Antes de mais nada é importante este filosofo esclarecer, de
forma límpida, a termologia utilizada no título dessa resenha. O que você, vivente,
entende por "tendencioso"? Se formos buscar o significado, da cuja
expressão, no dicionário Aurélio, veremos descrito algo do tipo malévolo cujo propósito
é agravar ou prejudicar o próximo. Dessa forma podemos começar a minha análise
critica quanto ao fato que será comentado a seguir.
![]() |
Torcedor ficou ferido nos olhos durante confusão nas
imediações da Arena do Grêmio. |
Na última quarta-feira, na cidade de Porto Alegre/RS, houve o
segundo jogo das oitavas de finais entre Grêmio e Santos, valido pela Copa do
Brasil 2013. Os entendedores de futebol saberão que o placar final foi de 2 x 0
para o tricolor gaúcho, com todos os méritos, classificado para a próxima fase
da competição. Porém, um triste episódio manchou esse grande jogo. Pouco antes
do início da partida um grupo de torcedores da equipe gaúcha, conhecida como
Geral, estavam reunidos em frente a um bar localizado na avenida Voluntários da
Pátria. O local onde o grupo encontrava-se ficava cerca de 300m da nova Arena Grêmio.
Conforme relatos de torcedores e imprensa, uma viatura da Brigada Militar (BM),
querendo passar pela via, tentou abrir espaço em meio a massa. Entretanto, visivelmente
impacientes, os brigadianos saíram da viatura e partiram para a violência, sem nenhum
tipo de entendimento por meio de dialogo com o grupo. Foram feitos diversos
disparos, com balas de borracha, em direção aos torcedores. Devido a atitude irresponsável
da BM, um torcedor que se dirigia ao jogo, que não tinha nada haver com o
ocorrido (testemunhas garantem que em nenhum momento o torcedor se envolveu no
tumulto.), foi atingido por pelo menos duas balas de borrachas nos olhos.
Os ferimentos são graves, e o cujo torcedor corre risco de ficar cego.
A seguir segue o comentário do Comandante do 11º Batalhão de
Polícia Militar, unidade que atuou no confronto, o tenente-coronel Eduardo
Biacchi: — Muitas vezes, as coisas podem parecer que ocorreram de uma forma,
mas ocorreram de outra. Precisamos ouvir
a perícia, precisamos confirmar se o tiro partiu, de fato, da arma de um dos
nossos PMs e se foi disparado realmente no entorno da Arena — diz o
tenente-coronel.
Ora, quer dizer que a população anda armada, na cidade, com
balas de borracha?
É extremamente reprovável o comportamento da BM, assim como
o comentário infeliz do Sr. tenente-coronel Eduardo Biacchi. Me preocupa muito
quando a força e a violência se sobressaem ao diálogo e o bom senso. É revoltante
ver um órgão como a brigada, conhecida historicamente pelos seus excepcionais serviços
a comunidade gaúcha e brasileira, em total despreparo psicológico, truculentamente
agredindo enquanto o que devia era evitar a violência. No entanto o que
se viu foi exatamente o contrario, a BM acirrou ainda mais os ânimos e agrediu
covardemente aqueles que deveriam estar guarnecendo. Isso não é agir preventivamente
e sim provocativamente, (vide episódio com o torcedor
conhecido como gaúcho da Geral). Existem também declarações polêmicas do batalhão, que afirma que o patrulhamento, em
estádios, não deve ser feito pelo órgão. Ora, não querer trabalhar em
estádios de futebol não significa descarregar toda sua raiva e contrariedade,
em torcedores que vão assistir a esse espetáculo. Eis ai um dos motivos que causa insegurança em muitos torcedores que não se permitem ir aos estádio de
futebol, afastando cada dia mais apreciadores desse grandioso esporte.
No Estatuto do Torcedor, capítulo 4, artigo 13, diz: "O
torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos
antes, durante e após a realização das partidas.". Ainda neste mesmo capítulo,
o artigo 14, parágrafo 1, complementa: "Solicitar ao Poder Público competente
a presença de agentes públicos de segurança, devidamente identificados,
responsáveis pela segurança dos torcedores dentro e fora dos estádios e demais
locais de realização de eventos esportivos.". O estatuto é claro quando o
tema é segurança, tanto dentro quanto na imediações do evento, feita por "agentes
do poder publico", ou seja, pelo batalhão militar da região do evento.
É triste como a BM trata os torcedores que vão aos estádios
aqui no sul, igualando-os na sua totalidade como MARGINAIS. O despreparo exposto
por eles, quando o tema é futebol, é algo que merece ser estudado, de forma
aprofundada, pelos mais competentes psiquiatras da área. Sabe-se que há
marginais misturados entre os torcedores, algo normal em meio a grandes
aglomerações populares, (vide as ondas de protestos no país), mas isso não é
motivo de alinhavar ao mesmo nível todos que vão ao estádio para apreciar um
bom futebol.
Ultimamente a torcida gremista vem acusando os órgãos de
segurança pública do estado de estarem sendo tendenciosos quando o tema é
futebol. Prefiro não acreditar nessa hipótese, mas quando presenciamos liberações
irrisórias como as arquibancadas móveis do Estádio do Vale (imagem), onde o arquirrival Internacional vem mandando seus jogos, nos obrigam a acreditar que
dentro do poder público a paixão, de seus administradores, sobrepõe-e aos
deveres constitucionais da população. É lamentável ainda presenciarmos episódios irresponsáveis com tais. Até onde a violência e incoerência descabida continuara no sangue desses senhores? Talvez no dia em que vidas se forem!