Por Filosofo Master;
Para este Filosofo, talvez o universo dos consoles eletrônicos (aqui entra games
também) não seria o que é hoje caso uma "tal" de Nintendo não
existisse. É inegável contrariar esta digna descrição, já que a palavra "videogame"
tem no DNA a marca da empresa nipônica. A Nintendo, como poucas, soube renovar
a maneira de fazer games e desde 1983, com o advento dos consoles 8-bits, a
companhia começava a despontar com games divertidos e principalmente audaciosos
para sua época. Não podemos negar que tudo começou com as aventuras de um baixinho narigudo decidido
a salvar sua namorada das mãos de um travesso gorila gigante, porém após isso houveram
apenas "up-grades" na maneira de fazer games e criar hardware na cuja
companhia. Ali se instalava um hiato que duraria pouco mais de 20 anos. Neste período
surgiu outros grandes sucessos como o console Super Nintendo e games como Super
Mario, The Legend of Zelda , Donkey Kong, Pokémon, Metroid, Kirby, Star Fox e F-Zero,
mas algo faltava para a companhia continuar forte e sadia. Com o advento das
novas tecnologias, a companhia acumulava mais decepções do que sucesso,
propriamente dito, e isso incomodava o espírito competitivo da velha e então frágil
Nintendo. Companhias como Sony e, até então novata na área, Microsoft
despontavam de maneira surpreendente com novas tecnologias e novidades. A
Nintendo, fragilizada pelo insucesso do inicio dos anos 2000, não gostaria de
tomar os rumos da sua maior rival dos anos 90, a SEGA, e se viu na necessidade
de criar um produto impactante, desenvolvido sobre o que ela tinha de melhor, a
criatividade. Nascia assim, no meio do ano de 2004, o projeto RVL-001 (cuja
sigla vem de ReVoLution). Foram dois anos de trabalho e pesquisas, junto
ao consumidor, no intuito de criar um
console de impacto que mudaria, para sempre, a maneira de interagir o
consumidor com os games. A companhia estava decidida à fazer história, nem que
para isso trouxesse um grupo de indivíduos, que por característica nunca sentiu-se
atraída pelos games, para o seu lado. A idéia era audaciosa e tida como uma "loucura
incabível".
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Em conferencia em dezembro de 2006, Satoru Iwata, presidente da Nintendo,
declarou: "Não estamos pensando em combater a Sony, mas sim sobre a forma
de muitas outras pessoas omeçarem a jogar. A coisa que estamos pensado
não são mais sistemas portáteis, consoles, e assim por diante, nós queremos
novas pessoas jogando novos jogos de diversas maneiras."
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Rumores eram especulados, mas, fontes internas, diziam que o novo console não
utilizaria controles como conhecemos, e sim "controles remoto", sem
fios, que simulariam o movimento dos braços. Tais boatos deixou a comunidade "gamer"
estupefata. Assim, oficialmente, foi anunciado
que estava em desenvolvimento, na feira anual de jogos E3 de 2005, um acanhado console
ainda sem nome oficial. Seu lançamento no mercado japonês e americano ocorreu,
ao mesmo tempo, no final de 2006. Antes do anúncio, em abril do mesmo ano, era
conhecido o nome do até então Nintendo Revolution: o controverso Wii.
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Wii, em inglês, soa como "nós", que enfatiza que o console é
para todos. O objetivo da Nintendo era tornar o nome Wii facilmente lembrado
por pessoas ao redor do mundo, não importando o idioma que falassem. Por este
fato, o nome, antes do seu lançamento, foi
duramente criticado. |
A partir deste momento a Nintendo sofreria a maior mudança,
da sua história, em termos de competitividade. Surgiria o renascimento daquela
que era tida como uma empresa que sustentava-se apenas por um passado glorioso,
o que a fazia dela quase uma filosofia cultural pop, restrita, estagnada, que
não mais se evoluía. A mesma, até então, sustentava-se de um passado lucrativo,
mas que precisava se transformar. Foi a partir disso que a companhia viu a
necessidade de resgatar sua genialidade para aqueles fatídicos dias.
Entretanto, a mesma sabia que teria uma dura batalha com a concorrência. Tinham
em suas mãos um produto revolucionário, mas que de nada adiantava se não
reaprendesse a conduzir seus negócios. Seu
primeiro passo seria não ser desonesto com seus fornecedores e trazer,
novamente ao seu lado, empresas com quem dividiram o mesmo espaço no inicio da década
de 90, sem haver distinção de grandezas entre as partes. Os tempos eram outros
e a Nintendo sabia disso. Do ponto de
vista de negócios, o pensamento foi perfeito.
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Wii Remote: Acessório responsável pelo grande sucesso do console. |
Como todo pós-febre de lançamento os problemas naturalmente
começariam aparecer, e isso não foi diferente para o Wii. O entusiasmo inicial do
consumidor passaria e, conseqüentemente, daria lugar as limitações do console. Tal
fato ficou bastante evidente. Os consumidores começaram a esperar funcionalidades
que o Wii jamais conseguiria fazer ou que era tarde demais para consertar e,
obviamente, decepcionaram-se. A limitada gama de jogos "hardcore",
por exemplo, em comparação ao PS3 e Xbox360 foi decepcionante. A baixa
capacidade de processamento da sua CPU, ATI 243, representava apenas o dobro do
processamento do seu antecessor, o GameCube, frustrando os consumidores que
buscavam um console que pudesse superar a qualidade e desempenho da concorrência.
Mas isso não mostrou-se barreira quanto ao revolucionário "Wii Remote",
sendo este a principal cartada da Nintendo, fazendo do seu novo console o maior
divisor de águas, até o momento, do entretenimento eletrônico.
O Wii vendeu como água, surpreendendo até a própria Nintendo,
tornando o seu console, da 7ª geração, o mais vendido da história. Estimasse
que até setembro de 2012 foram vendidos mais de 97 milhões de unidades em todo planeta,
recorde absoluto, enquanto para o mesmo período, PS3 e Xbox360, dividem aproximadamente
cada um, 70 milhões em vendas. É inegável não reconhecer que a Nintendo soube sobressair-se
aos seus constantes fracassos, e a partir deles, reaprender a ser criativa.
Mesmo não oferecendo uma "Ferrari", soube vender um produto cheio de
criatividade e, principalmente, inovador!
O ano de 2012 representou o fim do ciclo Wii, dando lugar a
um novo console chamado de WiiU, representando a entrada, um tanto tarde, da
companhia na era da alta definição. Pode-se dizer que o console conseguiu
colocar, como poucos, a qualidade acima da quantidade, postura com muitos
opositores, mas é impossível negar que o Wii recebeu alguns dos melhores jogos
dessa geração e, ao mesmo tempo, com algumas "pérolas" também esquecidas.
Super Mario Galaxy 2, considerado o
melhor game produzido para Wii, representou o que há de melhor no console, em
uma explosão criativa como poucos jogos na história dos videogames conseguiram
fazer, evidenciando e conseguindo retirar toda a potencialidade de um hardware
simples porém capaz de produzir uma engine única. Definitivamente o Wii foi um
console único, que desafiou a sua própria limitação e criou uma base de
consumidores que manterá essa indústria viva por muito tempo. Mesmo com todos
os erros ao longo de sua vida , a contribuição da Nintendo por meio da sua
"menina dos olhos" foi inestimável. Como estaríamos hoje se o
Wii não tivesse saído do papel? Impossível saber. Isso prova o quão importante
esse console foi para toda uma industria de entretenimento eletrônico, pois este
é o jeito Nintendo de ser, isso é Wii!